segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Princípio e técnica

Todo fato tem dois lados, ou mais, dependendo da interpretação dada por cada partícipe da ação. Somos a soma de nossos conhecimentos e através destes é que fazemos o julgamento de todas as coisas. Com o passar do tempo e de uma prática incessante começamos a mudar nossas convicções acerca do que aprendemos no caminho, começamos a vislumbrar que determinadas técnicas cairão no ostracismo e outras surgirão na mesma intensidade. Dentro desta busca descobrimos o quanto somos adaptáveis e mutáveis e talvez por isso a busca seja infinita, a cada nova ação a cada nova descoberta um novo horizonte se abre, uma nova vertente se cria e novas relações são estabelecidas. O tempo, fator tão importante para a apuração de um caráter marcial se mostra através de facetas que serve para ora nos motivar, ora nos desanimar, como se estivesse nos testando a cada dia. Perseverança seria a chave do sucesso? Einstein em uma de suas memoráveis frases disse que: “O único lugar que o sucesso vem antes do trabalho é no dicionário”, sou obrigado a concordar com ele. A velocidade e a intensidade com que caminhamos nos fazem muitas vezes não desfrutar da jornada, queremos atingir e compreender a técnica e seus princípios como em um insight, e com isso não aprendemos a saborear a maturar e sorver todo o conhecimento. Agindo assim a técnica começa a parecer frágil e na verdade se torna, por que falta o tempero principal, ou seja, lhe falta o princípio. Paciência, tempo e dedicação são termos cada vez menos degustados em todas as áreas, por isso saboreamos hoje um resultado efêmero e sem consistência. Uma boa técnica se fundamenta em três pilares sendo eles: princípio, aplicabilidade e eficiência. Na minha visão, princípio é a junção de toda anatomia externa e interna do movimento, todo valor mutável que ele conduz com o perpassar do tempo, sua essência o âmago do entendimento marcial voltado para um único gesto ou movimento. Tenho por aplicabilidade a sua real função, seja na ação, reação ou inação, e vislumbro que a eficiência é a concretização deste momento, a consagração do esforço trabalhado, a junção deste ciclo. É erro comum vermos a técnica somente com os olhos da eficiência aplicada a terceiros, esquecendo o que ela nos causa interiormente. Temos que começar a entender que o princípio é a chave do sucesso, e que toda técnica se respeitada seus princípios funciona, nós é que muitas das vezes não estamos à altura dela.

“Quando o discípulo está pronto, o mestre aparece.”

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